JUSTIFICATIVA


Enéas Ferreira Carneiro foi um político, médico cardiologista, físico, matemático, militar, professor e escritor brasileiro. 

Nasceu em Rio Branco, no Acre, no dia 5 de novembro de 1938. Filho do barbeiro Eustáquio José Carneiro – ex-funcionário da antiga Companhia de Navegação Costeira – e da dona de casa Mina Ferreiro Carneiro.

Aos 19 anos mudou-se com a mãe para o Rio de Janeiro, onde ingressou na Escola de Saúde do Exército e na Escola de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro, tendo sido aprovado em primeiro lugar nos dois vestibulares.

Em 1959 graduou-se como terceiro-sargento auxiliar de Anestesiologia, obtendo o primeiro lugar da turma e dando início ao atendimento no Hospital Central do Exército. 

Em 1962 ingressou no curso de Matemática e Física da Faculdade de Filosofia Ciência e Letras do Estado da Guanabara, atual UERJ.

Em 1965 formou-se em Medicina com especialização em Cardiologia e deixou o Exército, após oito anos de serviço, quando recebeu a Medalha Marechal Hermes pela realização de mais de cinco mil anestesias. 

Em 1968 licenciou-se em Matemática e Física e fundou o Curso Gradiente, pré-universitário, do qual foi diretor-presidente e onde lecionou matemática, física, química, biologia e português.

No ano seguinte, fez o curso de especialização em Cardiologia na Enfermaria da Santa Casa de Misericórdia, onde foi integrado como assistente. 

Entre 1973 e 1975 fez mestrado em cardiologia na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Nesse período ministrou também aulas de fisiologia e semiologia cardiovascular na mesma universidade.

Ainda em 1975, apresentou a primeira versão do curso “O Eletrocardiograma”, que foi ministrado no Rio de Janeiro, em São Paulo e em Quito, no Equador, e novamente no Rio de Janeiro (1986), dessa vez como curso nacional, realizado no Copacabana Palace

Em 1976 defendeu sua dissertação de mestrado, "Alentecimento da Condução AV", e recebeu o título de mestre em cardiologia pela UFRJ. Ainda em 1976 escreveu o livro O Eletrocardiograma, referência no gênero, publicado em 1977 e reeditado em 1987 como “O Eletrocardiograma: 10 anos depois”; essa obra é conhecida no meio médico como a "bíblia do Enéas".

Em 1989 Enéas ingressou na política. Criou o Partido da Ordem Nacional (PRONA), lançando sua candidatura à presidência da República. Como não tinha representação no Congresso Nacional, dispunha apenas de duas exposições diárias de 15 segundos no horário eleitoral.

Seus discursos baseados na lei e na ordem eram sempre encerrados com a frase “Meu nome é Enéas”. Até então desconhecido terminou o pleito em 12º lugar entre 21 candidatos. A propaganda vinha sempre acompanhada pela Sinfonia n.º 5 de Ludwig van Beethoven.

Em 1994 lançou mais uma vez seu nome à presidência, terminando em terceiro lugar, posicionando-se à frente de políticos consagrados, como o então governador do Rio de Janeiro Leonel Brizola e o ex-governador de São Paulo Orestes Quércia, ficando apenas atrás de Fernando Henrique e Luiz Inácio Lula da Silva. 

Em 1998, com 35 segundos disponíveis no horário eleitoral — na soma total, um tempo menor do que em 1989 —, Enéas expôs seu discurso em que defendeu questões como a ampliação do efetivo militar e a nacionalização dos recursos minerais do subsolo brasileiro. Nas eleições presidenciais daquele ano, que reelegeram Fernando Henrique Cardoso, foi o quarto colocado.

Em 2000 candidatou-se à prefeitura de São Paulo, não foi eleito, mas conseguiu votos para a eleição de sua candidata a vereadoraHavanir Nimtz.

Em 2002, Enéas elegeu-se deputado federal por São Paulo com 1,57 milhões de votos, a maior votação da história brasileira para o cargo, até 2018, quando Eduardo Bolsonaro obteve 1,8 milhão de votos. Na época, seu partido obteve votos suficientes através do sistema proporcional para eleger mais cinco deputados federais, todos fundadores do PRONA.

No início de 2006, passou a enfrentar sérios problemas de saúde. Primeiro uma pneumonia e depois uma leucemia mieloide aguda. O tratamento fez com que decidisse retirar a emblemática barba, antes que a quimioterapia o fizesse.

Concorreu à reeleição na Câmara dos Deputados com um novo bordão: “Com barba ou sem barba, meu nome é Enéas”. O político foi reeleito com 387 mil votos, a quarta maior votação do estado de São Paulo.

Em um evento realizado na Universidade de São Paulo, Enéas foi indagado por "parecer" ser um conservador, no que respondeu: “eu não pareço, eu sou conservador”. Definiu seu conservadorismo como “o respeito àquilo que é clássico”, e o “clássico não é aquilo que é velho, clássico é aquilo que é eterno”.

Em seis de maio de 2007, aos 68 anos, Enéas Carneiro faleceu em sua casa, vitimado pela leucemia mieloide aguda, após ter desistido do tratamento quimioterápico e abandonado o hospital onde era tratado, o Hospital Samaritano, por acreditar que seu tratamento não mais surtiria efeito. 

Enéas foi homenageado em uma passeata contra o aborto, em Brasília, no dia 8 de maio de 2007. Segundo o Partido da República, o político era um dos organizadores do evento. Em 2017 Jair Bolsonaro e Eduardo Bolsonaro, então deputados federais, apresentaram um projeto de lei, que ainda tramita na Câmara Federal, para reconhecer o Dr. Enéias Ferreira Carneiro como herói da pátria e incluir seu nome no “Livro de Aço” que se encontra no Panteão da Pátria e da Liberdade Tancredo Neves, em Brasília.

Seja na ciência – como pesquisador e escritor –, na Medicina, no Exército ou na política, é inegável a contribuição ao Brasil do Dr. Enéas Carneiro, um abnegado patriota, o que justifica a homenagem proposta para perpetuar seu nome em nossa cidade. Peço aos nobres pares apoio na aprovação desse ato de reconhecimento a um homem que dedicou a vida aos estudos e ao país.